As ações da Vale (SA:VALE3) renovaram máxima histórica nesta terça-feira, a 61,52 reais, apoiadas em expectativas relacionadas à retomada do pagamento de dividendos e à demanda por minério de ferro, particularmente na China, que mostrou um salto de 17% nas importações da commodity no mês passado.
O diretor financeiro da companhia, Luciano Siani, afirmou no começo do mês que a Vale encontra-se apta a retomar a política de pagamento de dividendos e, para tanto, depende apenas da redução de incertezas relacionadas à pandemia do coronavírus.
Nesta terça-feira, analistas do Goldman Sachs publicaram relatório no qual estimam que a companhia deve anunciar a retomada do pagamento de dividendos já com os resultados do segundo trimestre, previstos para o próximo dia 29. Antes, a mineradora reporta o desempenho da produção no período.
“Se isso acontecer, será um importante catalisador para a ação”, avaliaram Thiago Ojea e Lucas Canteras, que reiteraram a recomendação de compra dos papéis da mineradora.
A Vale suspendeu a distribuição de dividendos na sequência do rompimento de uma barragem da companhia em Brumadinho (MG) em janeiro passado, um desastre que deixou centenas de mortos.
Desde então, tem havido especulações sobre o retorno da polícia de remuneração dos acionistas. No final de junho, analistas do BTG Pactual (SA:BPAC11) saíram de reunião com executivos da mineradora com a impressão de que existia uma alta probabilidade de retomada ainda em 2020, estimando que isso poderia acontecer no terceiro trimestre.
Por volta de 16:10 desta terça-feira, as ações da Vale subiam 6,45%, a 61,37 reais, principal suporte do Ibovespa, que avançava 1,67%. Na máxima até o momento, os papéis subiram 6,7%, renovando recorde intradia. No ano, as ações acumulam alta de mais de 15%.
Dados conhecidos antes da abertura da bolsa também mostraram que as importações chinesas de minério de ferro aumentaram 17% em junho em relação ao mês anterior, atingindo o nível mais alto em 33 meses, impulsionadas pela forte demanda. O maior produtor de aço do mundo comprou do exterior 101,68 milhões de toneladas de minério de ferro no mês passado.
Os futuros do minério de ferro na China, por sua vez, avançaram pela segunda sessão consecutiva nesta terça-feira, reforçando o cenário positivo para a Vale, em meio a um sentimento positivo no mercado quanto à recuperação econômica e apostas de demanda melhor após a estação de chuvas.
O contrato da matéria-prima mais comercializado para entrega em setembro na bolsa de Dalian está em máximas históricas.
Em relatório na semana passada, o Credit Suisse destacou que os preços de minério de ferro têm permanecido resilientes neste ano, apoiados pela produção de aço mais forte do que o esperado na China.
Preocupações com a oferta do Brasil devido ao avanço do coronavírus no país, que tornou-se a segunda nação em casos e mortes pela pandemia, atrás apenas dos Estados Unidos, também têm ajudado a dar fôlego às cotações do minério de ferro mais recentemente.
Os analistas do Credit também afirmaram que veem os preços bem sustentados até 2022, quando vislumbram um superávit maior se formando, pois a Vale deve recuperar perto de 90 milhões de toneladas em capacidade de produção nos próximos dois anos.
Na ocasião, a equipe do Credit Suisse reiterou a recomendação ‘outperform’ para os ADRs da Vale e elevou o preço-alvo de 14 para 16 dólares.
Nesta tarde, as ações da mineradora que são negociadas no mercado norte-americano subiam 6,8%, a 11,515 dólares.
Analistas do Bradesco BBI também reiteraram recomendação ‘outperform’ para os papéis da companhia, elevando os preços-alvo a 85 reais para a ação negociada na B3 e a 17 dólares para o ADR.
Eles veem um ‘upside’ substancial e elencaram entre os fatores os fundamentos saudáveis do mercado de minério de ferro em 2020/21, que apoiam uma elevada geração de fluxo de caixa livre para a empresa.
Também citaram margem para dividendos substanciais, à medida que a redução de riscos de Brumadinho avança, bem como tendências operacionais sólidas, embora evoluindo em um ritmo mais lento que o esperado. Ainda na lista estão melhoria na alocação de capital e fim do acordo de acionistas.
Fonte: Investing.com