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Fim de uma era? Com eleição e juro baixo nos EUA, euro pode destronar dólar

O euro se valorizou cerca de 12% desde que a turbulência trazida pelo coronavírus abalou os mercados em março, sustentado pelas medidas implementadas pela União Europeia e pela expectativa de que o banco central americano (Federal Reserve) manterá os juros nas mínimas que enfraquecem o dólar.

Fundos de hedge agora apostam em outro salto da taxa de câmbio para US$ 1,25 por euro após as eleições nos EUA, nível também previsto pelo Goldman Sachs Group. As negociações no mercado de opções fizeram deste mês o agosto de maior otimismo com o euro até hoje.

O movimento é parte de uma tendência mais ampla que levou estrategistas da Mizuho International a conferir ao euro o título de rei das moedas — um elogio normalmente reservado ao dólar — à medida que a incerteza em torno da eleição presidencial dos EUA em novembro reforça o interesse por ativos europeus.

“Há tempo de sobra para o tema Rei Euro”, disse Peter Chatwell, chefe de estratégia multiativos da Mizuho. “Ele pode competir com o dólar para ser a moeda ocidental de escolha para fins comerciais e pode competir de forma mais geral com outras moedas consideradas seguras por ser reserva confiável de capital no longo prazo.”

Menor patamar em dois anos

O dólar caiu para o menor patamar em dois anos após o presidente do Fed, Jerome Powell, permitir inflação mais elevada nos EUA. Jim Caron, gestor de carteiras da Morgan Stanley Investment Management, espera continuidade da queda do dólar.

Embora a divisa americana normalmente avance nos meses seguintes aos resultados eleitorais, uma vitória de Joe Biden sobre o presidente Donald Trump pode prejudicar a moeda no ano que vem, uma vez que o democrata propõe subir impostos para os mais ricos e aumentar os gastos federais para estimular a economia prejudicada pela pandemia. Biden lidera as pesquisas de intenção de voto.

“O aumento das expectativas de uma grande vitória democrata provavelmente influenciou o enfraquecimento do dólar e o fortalecimento do euro”, disse Lee Hardman, estrategista de câmbio do MUFG Bank em Londres. “Se isso continua até a eleição vai depender de a disputa se acirrar ou não.”

Naturalmente, outros fatores também irão determinar o futuro do euro, inclusive se o crescimento da região vai superar a expansão dos EUA e como todos os envolvidos se saem na tentativa de conter o coronavírus.

Prever os movimentos do mercado após uma eleição é mais arte do que ciência. De qualquer forma, a votação é agora o principal evento no horizonte dos operadores. Nos mercados de opções, os investidores estão se preparando para turbulência na taxa de câmbio entre euro e dólar dentro de três meses e depois projetam diminuição gradual da volatilidade.

Fonte: 6 Minutos